sexta-feira, outubro 21, 2016

Cavalo selvagem - Conto zen

Ele tinha mente tal qual cavalo selvagem. Arisco e bárbaro, não deixava-se domar e nunca aquietava-se. Não desanimado ele incessantemente esforçava-se a doma-lo. O proposito era evidente, precisava montar a mente.
Sete semanas se passaram e, suado, o homem tentava domar sua mente-cavalo. Desastrosamente falho. A cada aproximação o cavalo pulava, corria e relinchava ao seu bel-prazer. E quando viu-se segurando o laço com força e, por um momento, imaginou-se com as rédeas da mente, o coice o jogou do outro lado do campo.
Desistiu.
Desatou os laços e sentou-se em baixo de uma arvore.
O cavalo danou-se a correr pelo pátio, livre. Saltos e relinchos, agora de alegria. E ele observava de longe. Cada trote, cada pulo. Observava com atenção cada movimento. O movimento livre do cavalo.
Viu-se montado no cavalo a cavalgar.
Não havia cavalo.
Não havia sombra, nem árvore.
Não havia homem.
Só havia o todo.
E era vazio.

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