quinta-feira, fevereiro 13, 2020

é como um navio é como um cais

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domingo, fevereiro 09, 2020

Percurso de lágrima

Repentinamente uma lágrima escapou
Saiu morna e silenciosa, dificultando minha percepção
Acelerou-se para a liberdade, passou rápido pelo nariz
Tentei, incrédulo com tudo isso, captura-la
Mas só alcancei seu rastro, molhado
Ao chegar no desfiladeiro do maxilar, parou um segundo
Respirou fundo e
pulou.

Aquilo era tudo muito novo
Levantei barreiras intransponíveis
Tão complexas que não conhecia mais os funcionamentos
Complexas, antigas, concretas. Intransponíveis.

Houve silêncio
Um formigamento no rosto
A visão fosca por uma baía salgada
Um desespero, uma alegria velada e esquisita
Meus olhos fumegando
E como um estouro, uma avalanche
um descarrilamento
Um caudal.

O fluxo de água e sal a muito trancafiado
com as porteiras abertas da minha alma
fugiu numa quantidade sem precedentes
O medo da pequena oportunidade se dissipar
fez todas as lágrimas se atropelarem
Queriam sair todas de uma vez
e parece que saiam

Eu via aquilo tudo como que de longe

E num momento, um som
Um guincho, eu acho
Um grito agudo e dissimulado
Eu nem sabia que havia preso
E o primeiro gemido úmido saiu
E não diferente das lágrimas
me fogem todos os ais, de uma vez
mas eram tantos, eram muitos

Eu, meio de longe, não sabia o que era lágrima
ou gemido, ou qualquer tanto de fluidos e sons
desconhecidos, improváveis
Foram escapando. Escapando.

Não contei, mas acho que foram sete dias e sete noites
ou quarenta.

Então, percebi um vazio, um espaço amplo
Salões inexplorados
Um vazio escuro, nunca iluminado
Um espaço novo e tão desconhecido.

E uma leveza.