" - Tinha suspirado
Tinha beijado o papel devotamente
Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades
E o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas
Como um corpo ressequido que se estira num banho tépido
Sentia um acréscimo de estima por si mesma
E parecia-lhe que entrava enfim uma existênciasuperiormente interessante
Onde cada hora tinha o seu intuito diferente
Cada passo conduzia um êxtase
E a alma se cobria de um luxo radioso de sensações."
Eça de Queiroz
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Queria escrever-te versos assim feito esse de Eça... Mas seria meu fim, definitivamente.
Escrever-te inflações de ego? Não sobraria de mim pra tu. Não sei mais o que te esccrever...
O que escreverei mais se ja virei apenas versos... Me escrevo.
Agora eu me escrevi todo... Te dei, tu leu, riu e devolveu. Agora me releio e não me entendo.
Tu não me tens... Eu não me tenho.
O que será de uma cousa que nem dela ela é?
Mas hoje eu me joguei no vento... Cartas soltas sempre são lidas.
Ou não.
César Gomes